Reciclagem do PEAD

Reciclagem do PEAD

A reciclagem do PEAD é importante porque o Polietileno (PE) é, sem sombra de dúvida, um dos polímeros mais utilizados dentre as resinas termoplásticas. Obtido a partir do gás etileno, ou como subproduto do processamento do petróleo, o Polietileno é um polímero plástico obtido através de um processo de polimerização à baixa ou alta pressão. É classificado de acordo com sua densidade (baixa, média e alta).

Considerada a principal variação do Polietileno, o Polietileno de Alta Densidade (PEAD) tem papel central dentre os polímeros plásticos existentes. O consumo mundial de 100 milhões de toneladas de materiais plásticos por ano mostra a relevância do Polietileno. Pode-se afirmar que esse volume consumido em nível global se deve à disseminação das tecnologias de processamento e à pulverização do consumo em nossa sociedade.

peadPEAD vem sendo usado em escala industrial desde 1950 devido a qualidades, como durabilidade, estanqueidade, resistência à corrosão e ductibilidade. Além disso, graças à sua flexibilidade o PEAD é menos suscetível a danos causados por oscilações extremas, como escavações e terremotos. Adicionalmente, do ponto de vista técnico não há restrição para a reciclagem do PEAD. São utilizados 1,75 kg de petróleo para fazer 1 kg de PEAD. Ele é facilmente reciclado e o seu símbolo de reciclagem é o “2”.

A reciclagem do PEAD é mais fácil

Além da facilidade quanto à reciclagem do PEAD, ele não tem os problemas do PVC e do Policarbonato associados ao Bisphenol-A. Este componente causa problemas ambientais e de saúde. Ele mantém importantes vantagens se comparado ao vidro, metal e compensado. Enquanto o PEBD tem maior resistência a altas temperaturas e maior dureza, o PEAD possui excelente resistência à água sem segurar o oxigênio ou o gás carbônico. O PEAD para reaproveitamento vem de uma infinidade de origens. São elas: embalagens plásticas em PEAD (cujos produtos internos foram utilizados e as embalagens posteriormente descartadas), bombonas em PEAD, sacolas em PEAD dentre outros.

Importância da Reciclagem do PEAD

12% dos Aterros nos EUA são de materiais
plásticos e destes 19% são de PEAD

Garrafas Plásticas no Lixo [Crédito: Usuário Flickr P.C. Loadletter.]

A produção e uso de plásticos causa uma série de impactos ambientais, tais como o grande uso de combustíveis fósseis não renováveis. Estamos em um momento em que o meio-ambiente tem estado no centro das discussões. Além disto, temos tido significativas oscilações nos preços barril de petróleo no mercado internacional e limitações de fornecimento à longo prazo. Neste cenário em que os custos assumiram também um papel vital na dinâmica econômica mundial, a reciclagem passou a ter um papel-chave para viabilização financeira de empreendimentos ligados ao plástico. Estima-se que 12% dos aterros sanitários norte-americanos é composto por plásticos diversos e, destes, 19% são de PEAD, constituindo assim uma quantidade incrível de matéria-prima de baixo custo que pode ser reciclada. Nos países desenvolvidos, 7% do lixo doméstico residencial é formado por resquícios de embalagens plásticas (feitas principalmente em PEAD).

Falta de Incentivos

Há, entretanto, oportunidades significativas para o governo brasileiro quanto a políticas públicas relacionadas à reciclagem do PEAD. Seriam iniciativas bastante simples, como a extinção da tributação na coleta e reprocessamento, a qual inexiste na maioria dos países desenvolvidas e somente desencoraja e onera toda a cadeia da reciclagem no Brasil, desencorajando em muitos casos produção e consumo.

Por outro lado, com respeito a novas tecnologias, as maiores novidades no mercado de PEAD brasileiro nos últimos anos são as embalagens feitas com o chamado Polietileno Verde desenvolvido a partir da cana-de-açúcar e de tecnologias específicas desenvolvidas por empresas como a Braskem. Essa tecnologia é inovadora já que pela primeira vez o PEAD está sendo produzido por fonte renovável e gera um produto que também pode ser 100% reciclado. A outra novidade do mercado vem da Coca-Cola que já vinha usando 30% de matéria-prima verde em suas embalagens de PET, mas que agora também vai fazer as embalagens de PEAD com uma porcentagem ainda maior do que chamam de matéria-prima verde. O etileno usado para a produção do polímero para essas embalagens vem de uma fábrica de bio-etanol brasileira.

Os Benefícios da Reciclagem

Os plásticos estão entre os materiais mais pesquisados no mundo. São parte importante dos desenvolvimentos sustentáveis especialmente por suas características intrínsecas e ao seu enorme potencial de reciclabilidade. Mais finos, mais leves e robustos, os tubos de plástico geralmente pesam 94% menos do que o equivalente em concreto. Devido à sua natureza, os tubos de plástico ajudam a reduzir o uso de energia e a emissão de gases de efeito estufa.

O uso de tubos plástico também reduz o uso de máquinas pesadas, pois, por serem mais leves, eles podem ser transportados mais facilmente. Por exemplo, 1 km de tubos de dupla parede de PEAD de drenagem plástica de 900 mm só exigiria 17 entregas em relação aos tubos de concreto que exigiriam 29 entregas no local.

O uso do polietileno reciclado na produção de dutos, embalagens e outros artefatos plásticos produz diversos benefícios, entre os quais:

  • redução de 33% no consumo de energia;
  • diminuição de 90% no consumo de água;
  • redução de 66% na emissão de dióxido de carbono;
  • redução de 33% na emissão de dióxido de enxofre e de 50% na de óxido nitroso.

Além disso, o uso do polietileno reciclado permite que não haja acúmulo de lixo plástico não biodegradável no meio ambiente. Isto evita um grande problema, visto que os plásticos demorarem centenas de anos para se decompor.

Código de Identificação do PEAD (HDPE)

Do ponto de vista ambiental, as tubulações e acessórios que utilizem polietileno reciclado são altamente atrativos para diversas aplicações. Contudo, mesmo que existam demandas técnicas ou normativas específicas de que os produtos a serem instalados sejam fabricados a partir de matérias primas virgens esses benefícios se mantém, vez que os produtos serão 100% recicláveis ao final de sua vida útil.

Etapas da Reciclagem do PEAD

Entre as etapas da reciclagem, há a reciclagem mecânica, que consiste nos processos de moagem, derretimento e granulação dos resíduos. Para isto, as peças plásticas devem ser selecionadas em tipos iguais de materiais antes do início efetivo do processo. Após a seleção, o plástico selecionado é derretido e moldado em uma nova forma ou cortado em pequenos grânulos. Estes serão posteriormente utilizados como matéria-prima para praticamente qualquer finalidade, excluindo-se hospitalar e alimentar.

Um dos maiores problemas da reciclagem de plásticos é que ao derreter polímeros diferentes, eles não se misturam, pois é necessário que eles sejam do mesmo material para que o processo de mistura seja homogênea. Plásticos diferentes tendem a não se misturar, assim como a água e o óleo.

Recentemente, surgiu uma nova ideia para uso do plástico como fonte de carbono no processo de recuperação de resíduos de aço – processo esse denominado de compressão por aquecimento. Nele, a mistura de plásticos é colocada em tonéis que giram com alta velocidade, o que gera calor pela fricção das partes de plásticos, fazendo com que as elas se homogeneízem independente de sua natureza. Trata-se de uma grande evolução, embora haja restrições de viabilidade econômica devido ao alto consumo de energia na rotação.

Tubos Corrugados em PEAD

Em detrimento do tipo de processo de reciclagem, há uma enorme gama de produtos feitos com plástico reciclado. Entre esses produtos, podemos citar lixeiras, tubos corrugados flexíveis e bolsas de polietileno; tubos rígidos, pisos e esquadrias de janelas em PVC; caixas de CD e DVD; móveis para jardim; entre muitos outros.

Após diversos reprocessamentos consecutivos as
características do PEAD se mantém inalteradas.

De acordo com dois estudos [vide fonte no fim desta página] realizados pela UEM-PR e pela UNISC-RS, os plásticos reciclados mantêm uma ótima performance quanto à manutenção de suas propriedades mecânicas, podendo ser utilizados em produtos com menor exigência de compressão lateral. Um desses estudos testou vários processos de reciclagem sucessivos com o mesmo material e concluiu que o Polietileno de Alta Densidade (PEAD) se mostra bastante estável, já que mesmo sem a adição de quaisquer aditivos suas propriedades mecânicas se mantiveram relativamente íntegras e constantes.

Fontes:

  1. HDPE Plastic Recycling (http://www.npiplastic.com/hdpe.php);
  2. Plastics Recycling (http://www.wasteonline.org.uk/resources/InformationSheets/Plastics.php);
  3. Why Recycle Plastic Companies Prefer Working With Hdpe (http://www.articlesbase.com/home-and-family-articles/why-recycle-plastic-companies-prefer-working-with-hdpe-310775.php);
  4. Avaliação das propriedades mecânicas dos plásticos reciclados [ESTUDO UEM-PR] (http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciTechnol/article/viewFile/2462/1553);
  5. Influência do número de reprocessos por extrusão nas propriedades [ESTUDO UNISC-RS] (http://www.metallum.com.br/17cbecimat/resumos/17Cbecimat-412-010.pdf);
  6. HDPE (High Density Polyethylene) (http://www.greenresourcecenter.org/MaterialSheetsWord/HDPE.pdf).
  7. Be Eco-Friendly—Recycle HDPE Plastics and other Materials (http://ideasbeyondborders.com/travel-3/be-eco-friendly-recycle-plastics-and-other-materials/)