O Polietileno de Alta Densidade (PEAD) é sem sombra de dúvidas o mais importante dentre as três variações de polietilenos (PE). Isto se deve às suas características intrínsecas e ao consequente enorme volume consumido em nível global. Sua grande estrutura linear composta por apenas poucos ramos laterais permite uma maior densidade, e a uma estrutura mais cristalina. Sendo assim, o PEAD possui vantagens significativas, em comparação com os outros polietilenos, permitindo, portanto, um maior leque de utilizações. O PEAD também é mais forte e mais opaco que o PEBD (Polietileno de Baixa Densidade) e pode suportar maiores temperaturas (120°C por curtos períodos e 110°C continuamente).
Com ótima fluidez o PEAD está em aplicações como: moldagem por sopro, tais como garrafas de leite e outras bebidas não carbonatadas, de tambores, reservatórios de combustível para automóveis, brinquedos e produtos domésticos, entre outros. Visto que o PEAD possui boa resistência físico-química, o mesmo é igualmente utilizado na fabricação de embalagem de produtos químicos domésticos e industriais, como por exemplo, detergentes, cloro e ácidos
O PEAD pode ser extrudado para produção de
tubos flexíveis de alta performance.
O PEAD também pode ser injetado para moldar itens como caixas, pallets, embalagens, produtos domésticos e brinquedos. Além disso, ele também pode ser extrudado (extrusão) para a produção industrial de: canos de água, canos de gás natural e de dutos de irrigação, além de tubos corrugados (techduto), dutos para sistemas de drenagem (techdreno) e de esgotos, e tubos condutores de cabos elétricos e de telecomunicações.
O tubo de ferro, mesmo quando novo, oferece uma baixa taxa de fluidez interna devido à superfície interna rugosa. Por sua vez, o PEAD não enferruja, apodrece, ou corrói por resultado de ação química, eletrolítica ou galvânica.
Por ter maior capacidade de fluxo interno, o PEAD permite um uso de diâmetros menores de tubos em relação aos feitos de ferro, o que gera uma economia de materiais. Normalmente, o tubo de PEAD com sua superfície menos rugosa pode ser de 4% a 15% menor que o tubo de ferro dúctil, mantidas as mesmas taxas de vazão. E mais, a superfície de baixa rugosidade do PEAD também aumenta a resistência ao crescimento de bactérias, algas, fungos e ataques biológicos que poderiam impedir a fluidez ou causar odores.
O PEAD também é utilizado em uma enorme variedade de aplicações, desde embalagens de sabão em pó e de leite, e até em tanques de combustível para veículos por ser resistente a vários solventes. Ele também é utilizado para fazer mesas e cadeiras dobráveis, sacos plásticos, embalagens de substâncias químicas e embalagens retornáveis. Além disso, o PEAD também é utilizado em aterros sanitários onde grandes “lençóis” de PEAD são usados para formar uma proteção para prevenir a poluição do solo e dos lençóis freáticos. Um dos maiores usos do PEAD esta na fabricação de compostos plásticos que substituem a madeira em várias aplicações.
Outra aplicação interessante se dá no mercado de artigos pirotécnicos. Nele prefere-se os morteiros fabricados em PEAD do que os em tubos de PVC ou de aço, pois são mais duráveis e mais seguros. Caso algo não der certo na explosão, a base do morteiro irá se abrir ao invés de se quebrar em pequenos fragmentos que podem ferir quem estiver por perto.
Finalmente, uma da aplicações mais importantes do PEAD está na fabricação dos vasilhames para leite e para outras aplicações feitas através da moldagem por sopro. Mais de 8 milhões de toneladas desse polímero, ou perto de 1/3 da produção mundial tem essa finalidade.
Na Ásia, o PEAD é consumido duas vezes mais para utilização como filme, quando comparado com a América do Norte e Europa Ocidental. Aplicações como filme com esse polímero têm como exemplo: embalagens para lanches, embalagens para envolver caixas de cereais, acondicionamento geral, sacos do lixo e sacos industriais.
Um grande impulso para o PEAD tem sido fazer esse polímero com graduação bimodal para filmes de alta performance, tubulação resistente à pressão e, em menor medida para aplicações de molde à sopro. Produtores de tubos de pressão tem agora à sua disposição tubos que resistem à mais alta pressão, por meio dos tubos em graduação bimodal.
A combinação de uma melhor processabilidade, sem a perda da resistência mecânica nessas resinas permite redução de calibres/bitolas, redução no perfil do produto ou redução de espessura da parede dos produtos. Exemplos disso, podem ser os filmes, os quais podem ser produzidos utilizando uma quantidade menor de polímero sem perder resistência. Também, dutos de pressão, os quais podem ser produzidos com paredes mais finas, reduzindo assim os requerimentos de matéria-prima e faz com que os dutos tenham maior flexibilidade.
A maior parte do PEAD bimodal comercial é produzido em múltiplas configurações de reatores, os quais possibilitam uma adaptação otimizada da estrutura da resina. Inclusive, a introdução da catálise dupla que permite a produção da resina bimodal a partir de um único reator deverá aumentar a oferta em grande medida e conduzirá a uma redução nas necessidades de capital e nos custos de produção para aplicações relacionadas a esse incrível polímero.
Desde 1987, mais de 270 cidades da Alemanha e muitas outras em outros países europeus (Áustria, Dinamarca, Luxemburgo, Espanha, Inglaterra, Holanda, Noruega e Suécia) além de outras nos Estados Unidos, Canadá e o Japão proibiram ou restringiram o uso do PVC em materiais de construção para obras públicas. Mesmo o uso do PVC em obras privadas passou a ser bastante restringido por lei nesses lugares devido a problemas de saúde relacionados ao manuseio do mesmo.
A iniciativa começou na cidade alemã de Bielefeld após o incêndio de um apartamento causar danos severos na propriedade devido à corrosão causada pelo ácido clorídrico. Além disso, também houve contaminação por dioxina. Dessa forma, a câmara de vereadores da cidade decidiu banir o PVC, e entre 1987 e 1988 a cidade já havia eliminado 90% do uso do PVC de suas construções.
Após esse incidente o Greenpeace também passou a fazer campanha pela redução do uso de PVC e substituição deste por outros materiais (como o PEAD ou o PP). Essa iniciativa fez com que um grande número de governos, empresas e outras organizações criassem leis ou projetos para restringir ou até mesmo eliminar o uso do PVC de seus territórios.
O uso do PVC foi proibido ou restringido em centenas de cidades e em mais de 10 países
O documento do Greenpeace (vide fonte abaixo) mostra que é possível substituir o PVC em diversos tipos de uso e mostra que isto está sendo feito e aumentado no mundo inteiro. Companhias como IKEA, LEGO, Adidas, Puma e NIKE já conduziram iniciativas com o fim de eliminar o PVC de seus produtos.
Devido às restrições em regiões de grande consumo como União Europeia e América do Norte, as indústrias petroquímicas voltaram sua produção de PVC para a Ásia e para os chamados países emergentes, onde havia crescimento da demanda de PVC devido à quase ausência de leis restringindo seu uso. A Ásia em 2013 chegou a ser responsável por 56% do consumo de PVC no mundo, com particular ênfase na China que sozinha chegou a consumir 38% da produção mundial. No Brasil, infelizmente, não encontramos informações oficiais quanto a estudos sobre o impacto do PVC ou propostas legislativas quanto ao seu banimento. Ao contrário, há muitas ações facilmente enumeráveis focadas no estímulo ao consumo, sem qualquer restrição.
Vale a pena mencionar que existem notas online dizendo que esse ataque ao PVC é realizado por “ambientalistas radicais”. Todavia, além do artigo do Greenpeace, nós listamos abaixo as referências da Comissão Europeia onde constam os estudos em que se basearam para recomendar redução do uso do PVC em diversas atividades. Empresas até poderiam sucumbir à pressões como a do “eco-marketing”, mas jamais tantos governos o fariam sem que de fato houvesse um forte embasamento técnico comprovado quanto aos males provocados à saúde das pessoas com respeito ao PVC.